A 14.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa desafia um 2020 atípico com uma retrospectiva sobre o racismo e o cinema de terror, filmes de Pedro Costa, um número recorde de filmes realizados por mulheres e muitas propostas para 8 dias de catarse colectiva.
Num 2020 que infelizmente parece ter sido tirado de um filme de género, e em que a morte de George Floyd chocou o mundo, o MOTELX apresenta a retrospectiva
“Pesadelo Americano: O Racismo e o Cinema de Terror”, uma seleção de 7 filmes precursores do movimento Black Lives Matter cujo olhar crítico propõe um acerto de contas com a história. São eles “The Intruder” (Roger Corman, 1962), ),
“Ganja & Hess” (Bill Gunn, 1973),
“White Dog” (Samuel Fuller, 1982),
“The People Under the Stairs” (Wes Craven, 1991),
“Candyman” (Bernard Rose, 1992),
“Tales from the Hood” (Rusty Cundieff, 1995) e
“Get Out” (Jordan Peele, 2017).
2020 é também o ano de Pedro Costa no MOTELX, concretizando-se assim uma história que começou em 2005 quando o Cineclube de Terror de Lisboa (CTLX) programou “Ossos” num ciclo que realizou na Cinemateca e que viria a levar à criação do Festival. O mais respeitado realizador português da actualidade é o convidado da secção Quarto Perdido, este ano intitulada “
Pedro Costa – Filmar as Trevas”. Costa abordará em conversa a sua declarada afinidade com o universo do terror e do fantástico e serão exibidos os filmes
“Ne Change Rien” (2009) e
“Cavalo Dinheiro” (2014).
A nova vaga de terror feminino marca as estreias da secção Serviço de Quarto, que mostra este ano um número recorde de filmes realizados por mulheres (5 por agora, a que se juntarão outros). Entre os destaques agora anunciados contam-se
“Saint Maud” de Rose Glass, uma visão original e corajosa sobre fé e loucura com carimbo dos estúdios A24, e
“Relic”, a aclamada estreia cinematográfica da escritora Natalie Erika James. Sandra Wollner assina
“The Trouble with Being Born”, uma antítese da história de Pinóquio em versão sci-fi que causou controvérsia no último Festival de Berlim.
A secção Serviço de Quarto traz ainda o regresso do prolífico Takashi Miike com aquele que se estima ser o seu 104.º filme. Estreado na Quinzena dos Realizadores de Cannes,
“First Love” é uma louca mistura de drogas, sangue, gore, romance e humor negro e um regresso ao estilo hiperbólico que o tornou um favorito dos festivais. Na secção Doc Terror, o primeiro título anunciado é
“Scream, Queen! My Nightmare on Elm Street”, um documentário sobre Mark Patton e o seu papel enquanto primeiro Scream Queen masculino em “A Nightmare on Elm Street 2: Freddy’s Revenge”, hoje um clássico do cinema LGBT.
E porque o cinema de terror é espaço de liberdade e risco, o MOTELX apresenta pela primeira vez em 2020 um programa de
Curtas Experimentais, dedicado a narrativas alternativas que usam técnicas revolucionárias para criar novas linguagens e pesadelos transcendentais. No domínio da ficção mais tradicional, 20 curtas compõem este ano a secção de
Curtas Internacionais, que continua a trazer-nos propostas ricas e variadas em subgéneros tão distintos como sci-fi, filme de época ou sátira.
As secções competitivas do MOTELX estão também de regresso. O
Prémio MOTELX – Melhor Curta de Terror Portuguesa continua a incentivar a produção nacional de cinema de género com um prémio no valor de 5000€, o maior atribuído a curtas-metragens em Portugal. Dada a disrupção causada pela pandemia, este ano o prazo de inscrição na competição foi prolongado até ao dia
2 de Agosto. Os finalistas serão anunciados no próximo mês, tal como os filmes em competição para o
Prémio Melhor Longa de Terror Europeia / Méliès d'argent e de muitas outras novidades de programação.
PROGRAMAÇÃO