Enraizada nas tradições do cinema de vanguarda, a trilogia "2551", do austríaco Norbert Pfaffenbichler, projecta-nos para um universo de perversão utópica e delírio politizado. Um trabalho feito à margem — e sobre a margem — que fez sensação no circuito europeu de festivais de cinema, chega agora ao MOTELX para testar os limites da arte do mau gosto.
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2551.01 – The Kid" (2020), descrito pelo próprio autor como um “filme de
slapstick distópico”, é uma reinvenção anárquica e ousada de "O Garoto de Charlot" de Chaplin. Nele, um homem com uma máscara de macaco acolhe uma criança abandonada, e juntos vagueiam por um mundo subterrâneo povoado por figuras grotescas que habitam as profundezas do terror físico e existencial.
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2551.02 – The Orgy of the Damned" (2023) dá continuidade a esta burlesca homenagem a Chaplin, afirmando-se como um acto de puro punk visual, em que o nosso Ape Man se perde num labirinto de intermináveis depravações, marcado pela fulminante junção de erotismo e humor negro extremo.
Tudo culmina em "
2551.03 – The End" (2025), capítulo final que, num tom de melancolia niilista, encerra a jornada do protagonista através de um universo obliterado pela corruptibilidade do poder imposto através do sexo e da violência.
A trilogia "2551" é uma jornada cinematográfica vanguardista e marginal que fez sensação no circuito europeu de festivais, e chega agora completa ao MOTELX para testar os limites artísticos e conceptuais da cinefilia radical.
Na SectionX, o MOTELX manifesta o fantasma do terror no cinema underground.