Filmes

Retornando o cinema francês à herança fantástica e surrealista de um dos seus progenitores, Georges Méliès, “The Animal Kingdom” abriu a secção Un Certain Regard do Festival de Cannes deste ano e comoveu a sua audiência, com a jornada de um pai e de um filho numa França assombrada por um vírus implacável que transforma humanos em animais. A segunda longa-metragem de Thomas Cailley é inspirada no argumento de Pauline Munier, uma estudante que conheceu na La Femis Film School, e tal como as suas personagens, é uma quimera que, cruzando o realismo psicológico com uma fisionomia disruptiva, arquitecta graciosamente uma conversação kafkiana sobre a animalidade no humano e a humanidade no animal – ou a solvibilidade entre as duas naturezas - com laivos de body horror. Com desempenhos marcantes e peles de muitas texturas, “The Animal Kingdom” inaugura, assim, a 17.ª edição do MOTELX.